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Robots Colaborativos
Aplicações e Mitos

LinkedIn, 2 de Novembro, 2018



Muito se tem falado sobre robots colaborativos e a sua aplicação na indústria. As principais marcas de robots estão a apresentar produtos nesta área. Novas marcas aparecem no mercado exclusivamente com este tipo de produtos.

Tenho vindo a ser confrontado com pedidos de clientes, tanto clientes habituais como novos clientes, para desenvolver soluções usando este tipo de robots.

Decidi assim reunir aqui algumas considerações sobre este tema, para discussão.

Começando pelo inicio : Um robot colaborativo é um equipamento específicamente dimensionado para trabalhar lado a lado com um ser humano. Enquanto um robot convencional, por questões de segurança, só pode trabalhar dentro de estruturas que o separem das pessoas envolventes, o seu parceiro colaborativo não precisa destas protecções e pode estar lado a lado com os seus colegas humanos.

Estes equipamentos evitam essas proteções envolventes recorrendo a duas características essenciais :

  • Funcionam a velocidades inferiores aos robots convencionais

  • Estão equipados com vários dispositivos e sensores que lhes permitem parar automaticamente quando detetam ou colidem com algum objeto.

Na presença de um objeto no seu trajeto, param e reduzem a potencia dos motores, permitindo muitos deles serem reposicionados à mão pelas pessoas que estão na sua presença. Esta característica introduz uma funcionalidade interessante a este tipo de robots : o operador pode mover manualmente o robot para onde quiser e fácilmente refazer os programas e as tragetórias sem necessidade de conhecimentos de robótica.

Curiosamente, a grande maioria dos meus clientes que me solicita robots colaborativos, está a pensar apenas nesta característica : esse cliente pretende um robot colaborativo porque pode fácilmente fazer e ajustar os programas do robot sem necessidade dum especialista.

Robots colaborativos versus processos colaborativos

Quando considero a utilização deste tipo de robots, tenho sempre o cuidado de analisar e verificar se o processo que o robot vai realizar é ele próprio colaborativo.

Imaginemos um robot que vai manusear um peça usando pinça que fecha com uma força de várias centenas de Newtons. Este processo não é de forma alguma colaborativo e as ditas proteções envolventes ao robot não podem ser removidas porque, embora o robot seja colaborativo, a pinça que ele manuseia não o é : existe o perigo de uma pessoa que esteja nas suas imediações se magoar nessa dita pinça.

Neste exemplo, a funcionalidade adicional de reprogramação também não pode ser usada, porque o risco para o operador que o está a reprogramar está lá.

Neste caso concreto, devemos esquecer de imediato o robot colaborativo e considerar um robot convencional.

Vantagens e inconvenientes dos robot colaborativos

As duas grandes vantagens dos robots colaborativos são :

  • A possibilidade de trabalharem lado a lado com serem humanos, sem necessidade de proteções envolventes. Esta vantagem reduz os custos da instalação e permite soluções muito mais compactas e interativas em chão de fábrica.

  • A facilidade com que (alguns) podem ser reprogramados por pessoas sem conhecimentos em robótica.

Quanto às desvantagens, posso referir algumas :

  • O seu preço. Um robot colaborativo é significativamente mais caro do que o seu equivalente não colaborativo. Neste ponto é importante verificar o que estamos a comparar : já encontrei robots colaborativos mais baratos do que robots convencionais supostamente "equivalentes" mas que na prática representavam coisas absolutamente diferentes, com níveis de performance e fiabilidade em nada comparáveis.

  • A performance : Um robot colaborativo é mais lento do que um robot normal.

  • A diversidade : Os robots colaborativos atualmente disponíveis no mercado são equipamentos de pequena dimensão e capazes de manusear apenas cargas pequenas.

Robots colaborativos e a indústria 4.0

Tenho frequentemente visto os robots colaborativos associados à indústria 4.0

Entendo que estamos a falar de coisas completamente diferentes : a industria 4.0 pretende ligar os equipamentos produtivos à gestão das empresas, permitindo aos gestores terem uma imagem clara e online do que se passa no chão de fábrica das suas empresas.

Qualquer robot, colaborativo ou não, pode ser usado e interligado neste processo.

Conclusões finais

Sempre que sou abordado para a utilização deste tipo de robots, começo sempre por explicar ao meu cliente exatemente o que estamos aqui a falar.

Não estou fidelizado a nenhuma marca de robots e utilizo sempre o equipamento e a marca que melhor servem o projeto e o meu cliente.

O próximo passo é analisar o processo produtivo : se esse processo não é colaborativo, nada mais há a considerar.

Quando o cliente pretende o robot colaborativo apenas por causa da sua facilidade de reprogramação, proponho-lhe uma analise mais profunda à sua realidade industrial:

  • Porque necessita reprogramar o robot ?

  • Existem outras formas mais económicas e práticas de o fazer ?

Em aplicações onde as vantagens dos robots colaborativos se manifestam, avanço para este tipo de soluções e implemento o projeto.



Vitor Almeida

CTO Tropimatica Lda